terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Vidas, Sonhos e Memórias

Era uma noite chuvosa de Fevereiro. Andávamos pelo Porto a procura de novidades e lembrámo-nos que, bem perto do Hotel (o Euro Star das Artes), havia a livraria Lello, situada numa belíssima casa inaugurada em 1906. Há muito falávamos em lá ir, não só pelos livros, mas pela beleza da construção, um edifício com fachada em estilo neogótico, onde se destaca no interior, a decoração em gesso pintado imitando madeira, a escada de cimento armado de acesso ao piso superior, e o grande vitral do teto, que ostenta o monograma e a divisa da livraria: Decus in Labore.
O ambiente entre os livros sempre foi para mim muito acolhedor, mas aquele era mesmo especial, principalmente pela simpatia com que fomos atendidos.
Claro que, entre outros autores, eu estava a procura de Mia Couto. E obviamente que o encontrei… Mas descobri também alguém que eu desconhecia. Um novo autor (pelo menos para mim) que – garantiu o vendedor – eu iria gostar muito, “uma vez que gostava do Mia”.
Foi nesse dia que fiquei a conhecer a obra de José Eduardo Agualusa, angolano nascido em 1960, que tem ganho muitos prémios de literatura.
Dele comprei um livro escrito em 2004, ganhador do Prémio Independente – Ficção Estrangeira: O vendedor de passados.
Como ainda tinha outros na fila, acabei de o ler recentemente. Para além de toda a trama, que dá muito o que pensar, há ali coisas interessantíssimas… e, lá pelo meio, encontrei um trecho que fala de vida, sonho e memória:
“A memória é uma paisagem contemplada de um comboio em movimento. (…) São coisas que correm diante dos nossos olhos, sabemos que são reais, mas estão longe, não as podemos tocar. Algumas estão já tão longe, e o comboio avança tão veloz, que não temos a certeza de que realmente aconteceram.”

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