sábado, 13 de dezembro de 2008

Debaixo da Cama

O imaginário infantil é mesmo espectacular!
Quando eu era criança, o nome Waldir, não sei porque, me assustava. Lá em casa ninguém conseguia entender quando eu corria para debaixo da cama sempre que ouvia dizer que o tio Waldir havia chegado.
Na época eu contava cerca de três aninhos. Vivíamos num grande apartamento em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, terra de nascimento da minha mãe. A sua família, quase toda de lá, visitava-nos com frequência.
Lembro-me particularmente dos dois tios da minha mãe (meus tios-avós, portanto) que se chamavam Waldir e Walmor. Não me recordo bem da fisionomia deles, só sei que eram pessoas “normais”, nada assustadoras.
Mas algo me assustava no tio Waldir!
Ele chegava à nossa casa e, mal eu ouvia dizerem que era ele o visitante, corria para o quarto e enfiava-me debaixo da cama. Não havia quem me tirasse de lá! Enquanto a visita durasse, o meu porto seguro era ali. Outras crianças achavam que havia monstros debaixo da cama, eu achava que aquele era um lugar livre de perigos.
Certo dia, a minha tia Bel resolveu mudar as regras do jogo. A campainha tocou, ela abriu a porta e recebeu o visitante com um grande sorriso:
– Sr. José! Como está? Entre, Sr. José, seja bem-vindo!
Eu não era um bicho-do-mato e, para mostrar que era sociável, lá fui eu, muito timidamente, para perto da tia Bel, cumprimentar o “Sr. José”. Ele trouxera uma lembrancinha para mim (uma caneta toda enfeitada), tão querido que era! Fui para o seu colo, toda contente com o presente, e lá fiquei por um bom tempo.
Só mais tarde é que me contaram que, afinal, o “Sr. José” era o tio Waldir.

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