domingo, 27 de março de 2011

Diálogos de Sexta-Feira

Sexta-feira passada foi um dia rico em diálogos estranhos...

Logo pela manhã, tocam à campainha lá em baixo, eu atendo, e dá-se o diálogo:
– Bom dia! Nós somos das obras, e queremos saber se aquele carro que está ali à direita é seu?
Respirei fundo, e com toda a paciência que consegui arranjar, respondi:
– Não sei qual é a sua direita... que carro é?
– Não sei bem... acho que é um Fiat... é um carro esquisito...
Mais uma vez respirei fundo: – O meu carro está estacionado perto do caixote de lixo… será esse?
– É esse mesmo… Precisamos que o tire do sítio para trabalharmos, se faz favor.
Bem… não sei se me senti mais ofendida por chamarem o meu Toyota de esquisito ou por o confundirem com um Fiat, mas lá fui eu tirar o carro para os homens (Sabem? Aquelas criaturas que costumam dizer que percebem de carros) trabalharem…

Mais tarde, já no trabalho, lá para o fim da manhã, recebo uma chamada de uma amiga de Lisboa, que já não via há um mês:
– Olá! Quando é que chegas?
Bem, agora com o doutoramento, costumo ir todas as sextas para a capital, mas nessa não iria… e também não tinha marcado nada com ninguém. Respondi:
– Oh, querida… hoje não vou.
Ela, indignada, retruca:
– Já me podias ter dito antes, não?
Lá reuni calma outra vez, e disse-lhe: – Mas eu não marquei nada contigo hoje.
Ela, confusa, pergunta então: – Mas com quem é que estou a falar?
– Com a Etã – respondi, já percebendo o que se estava a passar.
– Ah, não era para ti que eu queria ligar… está tudo bem contigo?

Para completar, à tarde, atendo, junto com o meu coleguinha Miguel, uma família na CPCJ. O filho, um adolescente, estava a faltar às aulas, a desobedecer o padrasto e a reclamar de maus-tratos. O casal tinha ainda outra criança em idade pré-escolar em casa, fruto dessa união. Depois de desvendado todo o “mistério” da situação, vamos aprofundando as questões sobre habitação e meio de subsistência da família, e ficamos a saber:
– A culpa do menino estar assim é toda da Assistente Social. Cortou-nos os subsídios todos e a minha mulher foi obrigada a ir trabalhar com aqueles horários absurdos (9h30-15h30 e 18h30-22h30) que ela já lhes falou.
Miguel e eu nos entreolhamos, e eu respondi:
– Mas trabalhar é importante. Há muitas mães que trabalham. E o senhor, não conseguiu ainda trabalho? Qual a sua profissão?
– Eu sou pintor. Só consegui um trabalho que pagava pouco… 20 euros por dia. Assim, prefiro ficar em casa…
Na minha ingenuidade, ainda tentei argumentar:
– Mas isso é melhor do que nada, é preciso começar por algum lado…
– E com quem deixo as crianças? Sim, porque tenho duas crianças em casa! – Apressou-se a retrucar o senhor.
Continuei, ingénua:
– E os demais pais que trabalham? A pequena pode ficar na creche, por exemplo. As creches têm preços de acordo com os rendimentos das famílias.
– E quem paga?
Realmente… esses Assistentes Sociais são terríveis! Acabam com a felicidade das pessoas…

Há dias assim...

terça-feira, 22 de março de 2011

O que há mais são homens!

Seguindo a minha “fase teatral”, no sábado passado fui ver a comédia do Grupo Teatro Olimpo, “O que há mais são homens!”.
Num cenário completamente feminino, o tema girou em torno da permanente guerra dos sexos onde, de um lado, Laura, Nélia e Juliana, e do outro, o Homem, vão discutindo o porque de os homens já não serem o sexo forte.
Brincando com as diferenças entre os sexos, com os altos e baixos de um relacionamento, e com as insatisfações de parte a parte que deterioram muitas relações, o grupo aproveitou o humor para relembrar de todos aqueles “pequenos detalhes” que as mulheres dão tanta importância e os homens não.
O sistema de pontuação supostamente atribuído pelas mulheres ao desempenho global dos seus parceiros foi o marco que pontuou a diferença de visões entre os sexos.
Uma peça despretensiosa, simples, mas bem cuidada, feita a partir de um conjunto de contos de Luís Fernando Veríssimo (meu cronista favorito, como já tive o prazer de aqui anunciar), que vale cada segundo passado.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O Discurso do Rei

Fui conferir se tudo o que diziam sobre ele era verdade no passado dia 13 de Março, e talvez as minhas conclusões possam causar uma certa polémica, mas não seria eu se não dissesse o que penso sobre o que vi.
Chamem-me preconceituosa, chamem o que quiserem mas, embora o objectivo de um filme seja encantar, cativar, convencer o espectador e, claro, ser aclamado (e premiado) por isso, sinto que o Discurso do Rei foi construído com o único intuito de angariar prémios. Apesar de sentimental, o filme não emociona propriamente (e eu sou a rainha da emoção e da choradeira!). Pareceu-me muito artificial, muito certinho…
Fora isso (e apesar disso), gostei dele na generalidade. Não nego que é um filme com grande qualidade técnica, e tenho que admitir que quer Colin Fith, quer Geoffrey Rush (especialmente Rush), estavam em “excelente forma”.
O enredo, apesar de girar em torno de um tema aparentemente simples (a gaguez) e de a ele dar demasiada importância, sobrepondo-se, inclusivamente, ao triste anúncio do início da guerra, tem aquilo de que gosto: uma análise fantástica do desenvolvimento do ser humano, dos seus comportamentos (por vezes absurdos), das suas crenças inadequadas (e o perigo que elas encerram), e do impacto psicológico que têm os acontecimentos de vida (especialmente se não forem bem reflectidos e trabalhados – ou assumidos e conversados no tempo certo, trazendo consequências para o resto da vida). Fala ainda de compreensão, resiliência e entrega. Para mim, só por isso, vale a pena ver!

As Encalhadas

Ando numa "fase teatro", mais exactamente de comédia teatral (tal como a vida de todos nós… embora eu não saiba bem precisar se é mesmo a arte que imita a vida ou se é o contrário!).
Assim, no dia 26 de Fevereiro passado, fui ver ao Multiusos, em Viseu (verdade(!) Viseu também vai tendo algumas “coisinhas interessantes” de vez em quando), a peça "As Encalhadas".
De acordo com a descrição disponível nos anúncios do espectáculo: “As Encalhadas”, com Maria João Abreu, Helena Isabel e Rita Salema, é uma comédia musical que satiriza as angústias e prazeres de mulheres de diferentes classes sociais que, em determinada altura das suas vidas, se encontram sós, privadas de amor, carinho e sexo. Aparentemente convivem bem com o problema, mas ao longo do espectáculo vamo-nos apercebendo, através dos seus monólogos nocturnos, que não é verdade. Estas mulheres, apesar de possuírem características bem diferentes, encontram dificuldades muito semelhantes ao tentar lidar com o problema da solidão. Todas as situações são apresentadas em forma de quadros bem-humorados: no ginásio, no cabeleireiro, na sex-shop, até que descobrem que possuem também em comum o mesmo homem, Ernesto, marido de Cristina, amante de Graça e reprodutor do filho de Cecília.
De acordo com a minha modesta análise, confesso que eu esperava mais. Em que pese a capacidade de improvisação e de interacção com o público que as atrizes demonstraram (umas mais que outras) ou, pelo menos, de adaptação à realidade (e à especificidade) de cada lugar onde é encenada, o texto trás algumas piadas antigas e batidas e, a mais das vezes, não surpreende muito. Deu para distrair, mas não convenceu.

terça-feira, 8 de março de 2011

Black Swan

Vi há bocadinho, e gostei tanto, que tinha que vir cá recomendar o dito cujo. O Cisne Negro conta a história de Nina, uma bailarina que vê na aposentadoria forçada da primeira bailarina do seu grupo a oportunidade para ascender, consegue o papel principal na nova montagem do clássico Lago dos Cisnes, do director Thomas, que trás apenas uma bailarina interpretando os dois personagens (incorporando tanto o cisne negro quanto o cisne branco da história original). É um filme que prende a atenção e faz pensar. De grande impacto psicológico, trás à tona algumas questões sérias do comportamento humano às quais não ficamos indiferentes (assédio, competição extrema entre colegas, conflitos, pressão familiar, auto-mutilação, bulimia). Muito bom!

Carnaval

Engraçado como quase toda a gente com quem contactei nos últimos dias me perguntou se eu ia ao Brasil pelo Carnaval. A equação é simples: Brasileiros gostam de Carnaval. Eu sou brasileira. Logo, eu gosto de Carnaval. Bem, mas a lógica nem sempre funciona comigo, e venho cá a público informar que, decididamente, não gosto de Carnaval. Não é que não goste de uma boa farra. Sou a Rainha das Farras. Quem foi à minha última festa de aniversário (40 aninhos, heim?) comprovou que gosto de dançar, gosto de samba, gosto de pular, cantar. Também não tenho nada contra fantasias e máscaras (no Dia das Bruxas até vesti a minha “segunda pele” e fiquei uma bruxinha toda jeitosa). O meu problema é com o que está por trás do Carnaval (especialmente do Carnaval brasileiro): pessoas (normalmente muito pobres) que passam o ano costurando uma fantasia caríssima (e usam muitas vezes dinheiro precioso que não têm) para usar num único dia, pessoas a cair de bêbadas andando pelas ruas (achando que isso é diversão), a exposição desnecessária, gratuita e banalizada do corpo, enfim. Poderia passar aqui um bom tempo a citar razões para não gostar da festa em si. Mas gosto do feriado, gosto de o aproveitar para descansar, viajar e (porque não?) sambar quando toca a música certa. E dizem que eu até sambo bem!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Metade ou Inteiro?

“Porque metade de mim é amor
E a outra metade também”
(Oswaldo Montenegro)

Tenho uma amiga que se refere ao companheiro como o seu “mais-que-tudo”. Parece-me uma bonita forma de ver a pessoa que se escolhe para estar e, (quem sabe?) permanecer ao lado (para sempre ou infinitamente enquanto dure). A expressão “o meu mais-que-tudo” simboliza, a meu ver, aceitação, respeito, amor… Significa que o outro é alguém com características próprias, com qualidades e defeitos (como é óbvio, já que todos os temos), com quem se tem afinidades, por quem se sente um grande amor (e uma grande paixão), a quem compreendemos e que nos compreende melhor que os outros (ou pelo menos que faça um enorme esforço para isso).
Mas nem toda a gente pensa assim. Há os que falam em almas gémeas ou caras-metades. Tenho dificuldade em perceber isso da “nossa metade”. O que é isso, exactamente? Quando se fala em encontrar metade de nós, fala-se em encontrar algo que nos completa, algo que não temos e que devemos procurar noutra pessoa? Não me parece correcto, não me parece justo (nem connosco, nem com o outro). Arnaldo Jabor já dizia: “Não acredito em pessoas que se completam. Acredito em pessoas que se somam”. O que não temos, o que não sabemos, penso que devemos procurar adquirir, aprender e desenvolver em nós mesmos. Sobretudo porque cada ser é único e irrepetível, não adianta “pegar” na metade dos outros para juntar à nossa metade, porque não vai encaixar.
Se precisamos de encontrar metade de nós (e muitos passam a vida nessa procura), provavelmente é porque nos achamos incompletos. Talvez seja por isso que muitas relações não funcionem. Se a pessoa não se sente inteira, como poderá dar-se por inteiro? E sem nos darmos por inteiro, sem nos entregarmos a sério, como poderá resultar? É importante estar-se inteiro. Inteiro na relação, inteiro no sentimento, inteiro no compromisso. Só assim o encontro com o outro ser poderá funcionar! Digo eu…

Amar é...

“Amar… é quando não dá mais para disfarçar, tudo muda de valor…” (Roupa Nova)
“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar na verdade não há…” (Legião Urbana)

O amor (seja de que tipo for: homem/mulher, pais/filhos, crente/Deus…) é, com toda a certeza, uma das experiências mais completas que se pode ter. Mais que um simples sentimento, o amor é uma arte, uma habilidade. Por isso, não basta encontrar alguém “perfeito” para amar. É preciso aprender a amar. E isso exige teoria e prática. Amar é dar-se, é tentar permanentemente fazer o outro feliz (e sentir-se feliz com isso). Amar é paradoxo, baseia-se no “esquecimento” de si e, ao mesmo tempo, no encontro da própria felicidade no outro. E isso não é coisa que se nasça a saber... com o passar dos anos descobrem-se sentidos, interpretam-se sentimentos e aprende-se com as experiências vivenciadas. Fantástico, não?

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Arriscar para ser feliz

O Roberto (Carlos) já perguntava, e bem: será que tudo o que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda? A resposta, pelo menos no meu caso, é: sim. Mas também acho que isso se aplica à generalidade das pessoas. Li, certa vez, algures, que tudo o que é realmente bom nessa vida, tem um custo: o que é gostoso, engorda; o que é bonito, é caro; o sol que ilumina o rosto, enruga; e tudo o que dá prazer (rir às gargalhadas, brincar, correr, dançar, tomar banho de chuva, de rio, de mar, abraçar, beijar, tirar a roupa, fazer amor), despenteia. E eu, que gosto de todas essas boas coisas da vida (e de muitas mais), mas que também gosto de andar sempre bem penteadinha, penso cá com os meus botões: porque não? Vamos nos deixar despentear! Vamos arriscar e ser feliz! Afinal (e parafraseando o artigo que li), “sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, do que aquela que decide não subir”.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Metamorfose

Como diria Raul Seixas, "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..." Parece uma boa filosofia. Sim, porque se estamos em constante mutação exterior, também no interior fazemos alterações. E mudar de ideias, de partido político, de gostos musicais, de preferências gastronómicas, faz parte do nosso percurso de vida.
Eu mudei! Passei por inúmeras transformações ao longo da vida (e ainda estou a passar)… fui de ovo a borboleta (e continuo para a frente e para trás, não necessariamente numa ordem definida). Hoje acordei cedo e, ao ver-me ao espelho, notei que, apesar daquela rugazinha indesejável no canto do olho, estou muito mais bonita que ontem, muito mais inteligente que ontem, muito mais sensata que ontem, muito mais tranquila que ontem. Hoje, definitivamente, sou uma borboleta!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Paixão Emagrece, Amor Engorda

Se é verdade o que dizem – a paixão emagrece e o amor engorda –, quero estar todos os dias apaixonada!

Bem, verdade ou não, e apesar deste blog não ter o objectivo de reproduzir o que os outros dizem, quero partilhar aqui as opiniões de Sónia Hirsch, autora do livro Paixão Emagrece, Amor Engorda – Crônicas e Receitas (editora Correcotia), que me parecem fazer sentido (ehehe!):

"No início, a paixão emagrece. Ainda que o exercício seja só desfolhar o malmequer, ou apertar o celular com força, o coração dispara tanto que qualquer coisinha vale por 10 aeróbicas. E a verdade é que paixão recém-nascida é melhor que qualquer comida. Seu apetite só pode ser saciado por coisas que não engordam: pele roçando na pele, mão esbarrando na mão, olhares que dizem tudo, beijos suspensos nos lábios. Muitas dúvidas – Será que é paixão correspondida? Estará mesmo livre aquele coração? O sono diminui, a adrenalina corre proporcionando reflexos rápidos, os olhos brilham. Dançar, cantar, dar risada, tudo o que é bom fica fácil. E o corpinho? Afina. Cada suspiro consome 100 calorias. Até que, de repente, o desejo se realiza. Bem-me-quer, bem-me-quer! As bocas recheadas de beijos, a vida uma roda gigante, comer para quê se o bom é amar, amar, amar? Noites movimentadas e dias à espera das noites: desnecessário também dormir. O sonho já virou vida e a vida virou estar junto. O resto se ajeita entre um encontro e outro, um telefonema e outro. Se não me engano foi Freud quem disse: a paixão são dois náufragos agarrados na mesma tábua. Magros. Aí, passado algum tempo, a paixão começa a se transformar em amor. Nossos náufragos chegam à segurança da ilha e resolvem cuidar juntos da vida, construir uma cabana e arranjar coisas para... comer. Afinal, eles merecem! Conquistaram o coração um do outro, isso não acontece todo dia, e tome celebração. É café na cama aqui, almoço ali, ceia acolá, uma viagem de férias cheia de comidas típicas, bebidas deliciosas, sobremesas fartas, e o prazer da intimidade matinal se prolonga até mais tarde, abrindo o apetite para novidades. Que a novidade já não é o outro, mas tudo o que se faz junto, tudo o que se gosta, tudo o que se adora. E pode haver algo mais adorável, excitante e gratificante do que descobrir que se gosta da mesma comida? O amor come, o amor cozinha. O amor chama o amor de minha doçura e dá chocolates caros de presente. Compra vinhos, queijos e outras delícias. Comemora na mesa os sucessos da cama e o passar dos dias, dos meses, do ano – Já um ano? Então, festa! Alegria, alegria! E assim o amor engorda. O amor que engorda põe um olho no espelho e outro no outro, para ver se engordaram os dois. Bingo. Bochechinhas, pneuzinhos, a cintura apertada pedindo discretamente para desabotoar o jeans... E aí, de duas, uma: ou vão ambos malhar na academia ou começam achegar com umas roupinhas novas, larguinhas, mais confortáveis para ficar em casa, grudadinhos, vendo filmes e comendo pipoca. Os da academia renovam a vida, se animam para um spa, resolvem caminhar de manhã e pedalar aos domingos; conhecem pessoas novas e de repente até se apaixonam de novo um pelo outro. Ou por outros. Os das roupinhas largas, cada vez mais largas, em breve vão precisar de afrodisíacos. Ostras, lagostas, caviar, fígado, rins, testículos e miolos têm reputação de dar muita energia sexual. Temperos como pimenta, canela, noz-moscada, cravo, açafrão, baunilha e gengibre estimulam a circulação, portanto podem auxiliar o sangue a chegar mais abundantemente às zonas prazerosas. Champanhe tem fama de liberar a libido mais do que qualquer outro vinho, e alguns alimentos são tidos como realmente excitantes: aspargo, aipo e alho-poró por causa da forma, faisão e pombo pelo arroubo amoroso. Um menu afrodisíaco citado pelo Larousse Gastronomique, a quem interessar possa: sopa de tartaruga com âmbar gris, linguado à moda normanda, filé de rena com creme de leite, pombo jovem assado, aspargos ao molho holandês, salada de agrião, pudim de tutano, vinhos do Porto e bordeaux, e finalmente café. Se funciona, não se sabe; mas que engorda, engorda."

Vou já tratar de me apaixonar! Parece melhor que qualquer dieta!

Espero que passe!

A minha irmãzinha mais nova andava revoltada noutro dia, e com razão. É que a fazer zapping na Tv, ela passou alguns minutos parada em frente a um programa da tarde de domingo na Record, e ficou assustada com a cada vez mais crescente falta de qualidade do que actualmente estão a produzir no vasto universo da música brasuca.
Não é que no “nosso tempo” já não se fizesse “porcaria”… é que agora a coisa parece mais grave, porque a juventude (que é quem vai continuar a escrever a nossa história) está cada vez mais alienada e desconhecedora do que é a chamada “música boa” da minha terrinha (aquela com conteúdo, letra com princípio, meio, fim e um sentido...).
Às vezes fico com pouca vontade de voltar… Sinto-me como aquele náufrago que, sendo salvo, fica a saber das novidades da sua terra... e prefere "voltar para a ilha"... Espero que isso passe!

Violência no Namoro

Estou preocupada, e a noite passada cheguei a dormir mal por causa disso...

A violência dentro do casamento (ou de uma união de facto) é um tema, infelizmente, bem conhecido. Mas já há alguns anos, vários estudos têm demostrado que a violência começa no namoro e, o que é pior, na adolescência.
Ser-se violento numa relação não é apenas dar murros e pontapés. O mais comum, na verdade, é a violência emocional (insultos, humilhações, ameaças) e a pequena violência física (bofetadas, empurrões). Para se ter uma ideia, estima-se que 25% dos jovens já tenham sido vítimas de violência dentro duma relação de namoro, o que é assustador!
Há vários mitos e dificuldades associadas quando um casal de namorados começa a viver uma relação violenta. Nem sempre a violência incide sobre o chamado "sexo fraco", mas a verdade é que na grande maioria dos casos é o rapaz quem a exerce. O site da Associação de Mulheres contra a Violência (http://www.amcv.org.pt/amcv_files/violencia/box_violencianamoro.html) aponta alguns desses mitos:

Mito: A violência no namoro não é uma situação comum nem séria.
Realidade: A violência não é apenas um problema de adultos, também ocorre nas relações amorosas entre adolescentes.

Mito: As adolescentes gostam dessas relações ou não continuariam com o namoro.
Realidade: As adolescentes mantém as relações de namoro por várias e complexas razões, nunca por gostarem de ser abusadas. Ninguém se mantém numa relação de abuso porque gosta, e sair duma relação violenta pode ser um processo muito difícil.

Mito: Um rapaz grita ou bate porque gosta da namorada.
Realidade: Os rapazes que agem dessa forma estão a usar a violência para controlar a namorada. Gostar de alguém quer dizer respeitar a pessoa não a agredindo.

A violência entre namorados é um crime punível por lei (Código Penal, artigos 143º e seguintes), mas é preciso que seja o agredido (especialmente se for maior de idade) a apresentar a queixa.

Artigo 143º
Ofensa à integridade física simples
1 - Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.
2 - O procedimento criminal depende de queixa, salvo quando a ofensa seja cometida contra agentes das forças e serviços de segurança, no exercício das suas funções ou por causa delas.
3 - O tribunal pode dispensar de pena quando:
a) Tiver havido lesões recíprocas e se não tiver provado qual dos contendores agrediu primeiro; ou
b) O agente tiver unicamente exercido retorsão sobre o agressor.
(redacção da L 100/2001 de 25/08)

Artigo 144º
Ofensa à integridade física grave
Quem ofender o corpo ou a saúde de outra pessoa de forma a:
a) Privá-lo de importante órgão ou membro, ou a desfigurá-lo grave e permanentemente;
b) Tirar-lhe ou afectar-lhe, de maneira grave, a capacidade de trabalho, as capacidades intelectuais ou de procriação, ou a possibilidade de utilizar o corpo, os sentidos ou a linguagem;
c) Provocar-lhe doença particularmente dolorosa ou permanente, ou anomalia psíquica grave ou incurável; ou
d) Provocar-lhe perigo para a vida;
é punido com pena de prisão de 2 a 10 anos.
Pode ser apresentada queixa em qualquer posto da PSP ou GNR.

É urgente mostrar aos nossos jovens que gostar de alguém não é fazer sofrer... Mas não é fácil!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Eleições como devem ser!


Tirei o meu título de eleitor antes mesmo de fazer 18 anos. Lembro-me que estava ansiosíssima para exercer o meu “direito de voto” na altura… só depois percebi que, a partir dos 18 anos, votar no Brasil era uma obrigação. Ora, quando somos obrigados a fazer algo, a coisa muda de figura e deixa de ser exercício de direito para ser coerção.
Em que pesem as “desculpas” que se foram arranjando ao longo de todos processos eleitorais brasileiros (se não for obrigado, o povo não comparece às urnas; o povo é preguiçoso, se não for obrigado, não sai de casa para votar; o povo não é politizado, tem que ser levado a exercer o seu direito), o certo é que a obrigatoriedade do voto fere a essência da democracia, fornece alicerce a formas arcaicas de dominação política (os currais eleitorais), e baixa a qualidade da escolha.
Para os brasileiros que vivem no estrangeiro, então, a situação toma contornos absurdos. Nas últimas eleições, tive que ir duas vezes num mês ao Porto (com todas as despesas que isso acarreta), somente para carregar num botão, e exercer o meu “direito obrigatório”.
O ex-presidente da República e agora senador Itamar Franco, pelos vistos propôs o fim do voto obrigatório na comissão da reforma política.
“Em relação ao voto obrigatório, o senador acredita que ele "deixa de ser consciente" a partir do momento em que uma viagem passa a ser mais importante do que o direito de exercer a escolha dos governantes. "A eleição vai para o segundo turno, mas aí o sujeito já marcou as férias, o feriado com a família. Aí o voto obrigatório deixa de ser consciente", alega. Nas eleições de 2010, mais de 29 milhões de brasileiros (21,5% do eleitorado) não votaram no segundo turno, dia 31 de Outubro, no meio do feriado de Finados”. (O Documento, Cuiabá/Várzea Grande, 18/02/2011).
E fez-se luz! Tomara que passe!