domingo, 28 de fevereiro de 2010

Ruas da Amargura

O documentário de Rui Simões, exibido este mês (dia 9) pelo Cine Clube de Viseu, e que contou com a presença do realizador para um pequeno debate no fim, trata de questões sociais importantes vividas nas ruas de Lisboa. Questões como o alcoolismo e a toxicodependência, a prostituição e a falta de teto para morar, a busca de um lugar melhor para construir a vida, as carências afectivas e financeiras de gente como a gente, que simplesmente quer viver e ser feliz.
Trata também de outras gentes... as que estão dispostas a ajudar e a acreditar em dias melhores, as que mesmo diante de tanta amargura não desistem de dar de si por uma causa que, à partida, parece perdida.
Um excelente olhar sobre uma realidade que muitos tentam ignorar e, até, esconder. Valeu o tempo passado na sala fria do IPJ!

Amarelo Manga

O projecto liderado por dois pernambucanos (de Recife), a cantora Lilian Raquel e o guitarrista Cláudio César Ribeiro, foi apresentado hoje na Fnac (Viseu), e eu que não os conhecia fiquei encantada! Os originais "Aonde ela me levar", "Verso preso" e "A promessa" fazem uma pessoa viajar... e mostram que a música popular brasileira é uma fonte inesgotável de surpresa e prazer.

Contos em Viagem

Contos em Viagem - Brasil, Outras Rotas é mais uma "aventura" da companhia portuguesa Teatro Meridional, que foi apresentada no palco do Teatro Viriato no final de semana e a que fui assistir ontem. A rota tem como pano de fundo o Rio São Francisco (o velho Chico), que atravessa cinco estados brasileiros: Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
De textos escolhidos de escritores nascidos naqueles estados (Adélia Prado, Afonso Romano de Sant'Ana, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, João Guimarães Rosa, João Ubaldo Ribeiro, Jorge Amado, Lêdo Ivo e Mauro Mota), construiu-se essa produção, com música produzida em palco (pelo português António Pedro), que nos faz viajar verdadeiramente pelos costumes das gentes, pela geografia dos lugares, pelas paisagens e pelas personagens que se vão "encontrando" ao longo da espectacular performance da brasileira Gina Tocchetto.
Senti-me em casa!

Vai-se Andando

Esta comédia, que no passado dia 19 fui ver no Teatro Viriato, fala de Portugal e dos portugueses, das suas mais patéticas características, das suas manias e trejeitos, dos seus preconceitos e do seu conformismo, num monólogo interessante de José Pedro Gomes, apenas interrompido por alguns protestos (sob a forma de cacarejo) do enorme galo de Barcelos (um dos símbolos nacionais) insuflável que o acompanha em palco.
Vai-se andando é uma expressão comum, utilizada como resposta nas mais variadas situações em Portugal, e esta comédia explora todas elas... da sexualidade ao clima, passando pela comida, o modo de comer ("a capacidade enfardadora de uma beleia") e o trabalho.
O texto, escrito por diferentes nomes do humor português (Eduardo Madeira, Luísa Costa Gomes, Marco Horácio, Nilton, Nuno Markl, Filipe Homem Fonseca, Henrique Dias e Nuno Artur Silva), é uma autocrítica inteligente que cria cenários fantasiosos (e, talvez, possíveis?) como o de Portugal transformado numa estância turística dirigida pelo Presidente Bolinha, após uma reflexão sobre a ineficácia da colonização, a importância da miscigenação e a influência dos "novos portugueses" no futuro.
É riso garantido do princípio ao fim!