sábado, 31 de janeiro de 2009

Me gusta

Na última quarta-feira, fui ao teatro! A acompanhar-me, foram o Khalid e a Margarida (e lá no bar do teatro ainda encontramos a Cristina).
Me gusta, da companhia belga Laika, o espectáculo escolhido para aquela noite, estava em cartaz no Teatro Viriato, em Viseu. Foi uma interessante aventura cultural (e culinária), repleta de surpresas, e com um repertório musical a condizer.
Para o compor, foram realizadas entrevistas, que recolheram ideias sobre as diferentes práticas culinárias, os diferentes costumes, os diferentes rituais, as diferentes tradições, que fazem do acto de comer um acto social, importante em qualquer cultura.
Assim, foi abordado, num cenário oval com a plateia sentada no palco, vários aspectos da gastronomia de povos de diversas partes do mundo, oscilando entre o rigor e a exuberância, o formal e o exótico (uma cerimónia de chá japonesa, um banquete canibalesco, a comida rápida e plastificada servida nos aviões, o amassar do pão, a pasta italiana, o uso do sal e do açúcar), tudo precedido de um ritual de lavagem de mãos efectuado pelos artistas a cada pessoa da plateia.
O enredo, repleto de instruções sobre o bem comer, o bem provar e o bem saborear, conta com a participação de três actores, uma bailarina e dois cozinheiros, e está adaptado a cada língua dos diferentes países onde a companhia se apresenta.
Durante a encenação, é servido um jantar completo composto por uma sopa, um prato de massa e a sobremesa, aos quais também se junta o vinho.
Devo dizer, no entanto, que o final ficou a saber a pouco. Não sei... esperava qualquer coisa a mais para fechar com chave de oiro! De qualquer maneira, foi uma forma divertida e interessante de passar a noite. Jantar e ir ao teatro ao mesmo tempo pela módica quantia de 15,00€, não é coisa que se faça todos as noites.
E porque a mim "me gustó", digo a vocês que vale a pena experimentar!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Agora são os filmes

Actualmente, não sei porquê, entrei numa de fazer balanços... Não tentem interpretar isso, pois a psicóloga aqui sou eu, e digo que não há nada para interpretar.
Verdade! A explicação até é simples. Tudo começou com a tal crise económica... Comecei por apontar as despesas grandes, passei às pequenas contas e, quando dei por mim, já estava a contabilizar lugares, espectáculos, musicais, enfim. Também parece ser uma forma diferente de passar o tempo (tal como escrever num blogue).
Bem, agora virei-me para o cinema. Não sou cinéfila, mas gosto de um bom filme, e aprecio a distracção e a riqueza (cultural, moral, espiritual etc.) que um bom enredo pode trazer. De há uns tempos para cá, mudei o género diversas vezes. Gostava de dramas, de filmes românticos; depois passei aos filmes de aventura; a seguir vieram as comédias; e por fim, nesse preciso momento da minha vida, gosto de filmes bons, que me atraiam na leitura da sinopse.
Já que a ideia é fazer balanço, não vou maçar-vos com os filmes do ano passado, mas vou falar dos dois que vi em 2009, que estão fresquinhos, fresquinhos na memória (e que recomendo).
O primeiro, assisti em vídeo, porque é uma produção que estreou nos cinemas em 2005. Chama-se Colisão, e lança um olhar directo e provocador sobre as complexidades da (in)tolerância racial na América actual. A maioria das personagens retratadas no filme são, de alguma maneira, prejudicadas pela sua etnia ou nível social, e acabam envolvidas em conflitos que as forçam a examinarem os seus próprios preconceitos. O filme não deixa as pessoas indiferentes diante da sua imprevisibilidade e ausência de julgamentos, ainda que não totalmente isento de uma moral subjacente a qualquer história cinematográfica, e que é traduzida (também) na frase de uma das personagens: "Pensas que sabes quem és? Não fazes a mínima ideia!".
No filme, cerca de vinte personagens interpretadas por um excelente elenco (uma dona de casa e o seu marido, advogado estatal; um persa, dono de uma loja, a sua mulher e a sua filha, que é médica; dois polícias detectives, que são também amantes, a mãe dele; um director de televisão afro-americano e a sua mulher; um mexicano serralheiro, com mulher e uma filha pequena; dois ladrões de automóveis, um polícia recruta e outro veterano, cujo pai está doente; uma funcionária da Segurança Social; um casal coreano de meia-idade), vivem em Los Angeles e, durante 36 horas, entram em colisão. Colisão no sentido do toque, já que nesta cidade, sente-se a falta do toque, do conhecimento, do contacto com os outros. Como eu disse: vale a pena ver!
O outro filme, vi no cinema na semana passada. Chama-se O Estranho Caso de Benjamin Button, e fala sobre a impossibilidade de parar o tempo, sobre os encontros e desencontros da vida, sobre aproveitar os momentos, sobre o início e o fim. Começa com “Eu nasci sob circunstâncias pouco usuais", e conta a impossível história de um homem que nasce com oitenta anos e regride na sua idade. O filme foca questões sociais, de forma crítica e, de alguma maneira, ajuda-nos a acordar para a vida, ensinando que é uma grande tolice perdemos tempo a pensar no tempo que passa, sem nos lembrarmos de viver o tempo presente. Interessante!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Mais Balanço Cultural

Já que entrei nessa de balanço cultural, continuei a remexer nas minhas memórias e verifiquei que ando em falta com algumas das boas coisas da vida... como um belo espectáculo musical, por exemplo, ou uma boa peça de teatro.
Mais uma vez, correndo o risco de desiludir a minha "legião de fãs", confesso aqui os meus pecados, e faço votos (para mim própria) de um 2009 mais movimentado nessa área também.
Deveras, a última vez que assisti um espectáculo musical foi quando vi a Marisa Monte no Coliseu de Lisboa, em Setembro de 2006, no seu Universo Particular. Pois é, foi um dos concertos mais bonitos que já tive o prazer de presenciar, e que partilhei com o meu amigo João Alexandre (a quem volto a agradecer – desta vez em público – pela agradável companhia). Marisa Monte apresentou-se num cenário interessante e simples, com recurso a imagens projectadas, luzes e uma composição do palco em degraus que vão e vêm. Este espectáculo foi composto maioritariamente por faixas dos seus dois últimos álbuns, mas não deixou de ter presente músicas gravadas pelos Tribalistas e canções de álbuns mais antigos como a Segue o Seco. A Dança da Solidão e a encenação de Meu Canário, com um canário virtual (ou politicamente correcto, como Marisa o chamou) prenderam, particularmene, a minha atenção.
Quanto ao teatro, aqui também o (meu) verbo está escrito no passado. Uma das últimas peças que vi foi encenada no Teatro FAAP, em São Paulo, em Novembro de 2007, quando aproveitei a minha curta estadia de uma semana para ver Ensina-me a Viver, com Glória Menezes, João Falcão, Ilana Kaplan e Fernanda de Freitas (creio que estou a esquecer de algum nome). Na narrativa, Harold (João Falcão) é um jovem de vinte anos que vive como um idoso, obcecado pela morte, e Maude (Glória Menezes) é uma senhora de quase oitenta anos completamente apaixonada pela vida. A partir do encontro destas duas pessoas tão diferentes, uma trama se desenrola com uma tocante e bem-humorada história de descobertas entre ambos, repleta de mensagens positivas do tipo “o amor é o melhor remédio”, onde o velho rapaz aprende com a jovem senhora sobre o prazer de viver.
Depois disso, e de regresso a Portugal, voltei várias vezes ao teatro (primeiro, no Carlos Alberto, no Porto e depois no Teatro Viriato, em Viseu) ao longo do mês de Fevereiro de 2008 (sozinha e também com diferentes acompanhantes), para ver um único espectáculo: A Invisibilidade das Pequenas Percepções, onde o coreógrafo Romulus Neagu realiza o encontro entre uma pessoa com deficiência, José António Correia, e outra proveniente de um Lar de Infância e Juventude (a Instituição onde, por acaso, sou Directora Técnica), Ana Isabel Gomes (uma menina especial e talentosa). Uma obra de dança contemporânea, onde os três contam as suas histórias através de movimentos corporais que, num crescendo de emoções, não deixam o público indiferente. A completar e acompanhar a composição, a presença do músico Ulrich Mitzlaff, proporciona momentos sonoros únicos.
Por último, em Março de 2008, fui com a minha colega e amiga Anabela ao Teatro Viriato novamente, dessa vez para assistir ao espectáculo Maldoror, dos Mãos Morta, composto a partir de “Os Cantos de Maldoror”, a obra-prima literária de Isidore Ducasse (pseudónimo de Conde de Lautréamont). Um espectáculo único, perturbador, que faz uma crítica provocadora a alguns aspectos da nossa realidade, e onde a música brinca com o teatro, o vídeo e a declamação. A caracterização dos personagens contrastavam com os vídeos, de uma simplicidade infantil, que eram interrompidos quando o narrador utilizava uma mini-câmera para realçar alguns pormenores da peça. Diferente e interessante!

sábado, 10 de janeiro de 2009

As minhas leituras em 2008

As pessoas fazem balanços (do ano, da empresa, da vida, enfim) no final de cada ano... Eu, como boa rebelde que sou, faço-os quando me apetece.
Hoje, fazendo um balanço do que fiz em 2008, portanto, resolvi lembrar da “lista” de livros que li, e... grande vergonha! Afinal, apesar de ter comprado alguns títulos e de me terem presenteado com outros tantos, li apenas 3 livros durante todo o ano! Eu não devia confessar isso aqui, diante de toda a minha grande "legião de fãs", mas é verdade. Nem parece coisa minha... mas enfim... é uma realidade que tenho que aceitar e – se tiver disposição – mudar em 2009.
Falo em disposição porque não acredito na desculpa da falta de tempo. Sempre citei (e assumi como parte da minha filosofia de vida) a frase: “falta de tempo é a desculpa dos que perdem tempo por falta de método”. Acho, por isso, que tudo o que fazemos depende da nossa motivação, da nossa vontade, da nossa disposição.
Não faço promessas (de qualquer natureza), mas espero que em 2009 eu possa ter muita motivação, vontade e disposição para a leitura, mas por enquanto, permitam-me partilhar as minhas 3 leituras de 2008 convosco.
O primeiro livro (Orgias) foi escrito pelo meu querido Luís Fernando Veríssimo. Sou fã, mas não sou cega e, apesar de tudo o que já li (e gostei) dele, não considero Orgias uma obra-prima. De qualquer forma, com o seu toque pessoal bem distinto, ele continua a construir as crónicas com a inteligência e o sarcasmo que sempre o caracterizaram. Com bom humor, Veríssimo passeia pelas tentações e prazeres humanos e afirma que perder o controlo é necessário e saudável. Os seus temas “orgiásticos” vão desde as festinhas de anos infantis, passam pelas festas de final de ano nos escritórios e terminam nas grandes loucuras de carnaval. Deu para passar o tempo.
O segundo livro (Venenos de Deus, Remédios do Diabo), do meu não menos querido Mia Couto, eu amei! Nesta obra, um médico português de nome Sidónio Rosa decide fazer trabalho cooperativo em Moçambique para tentar encontrar a sua querida Deolinda, uma mulata que conheceu num congresso em Lisboa, e por quem se apaixonou. Chega a Vila Cacimba, e encontra os pais da moça – Bartolomeu Sozinho e Dona Munda – que justificam a ausência da filha com um suposto estágio. No decorrer da história, o médico é surpreendido por histórias antagónicas sobre o que terá acontecido a Deolinda e sobre o passado da família Sozinho. Mia sabe contar uma história, e vai doseando a informação, de modo a que personagem e leitor venham a conhecer os factos ao mesmo tempo. A linguagem apresentada é típica em todas as suas obras, com palavras alteradas e provérbios de pura filosofia popular (alguns felizes, outros nem por isso, mas nada que tire o encantamento da narrativa). É, sem dúvida, um livro que envolve.
O terceiro livro (O Vendedor de Passados), do para mim até então desconhecido José Eduardo Agualusa, conta a história de Félix Ventura, um negro albino especialista em reescrever a biografia de personagens da emergente sociedade urbana de Angola, tornando interessante a vida dos novos ricos angolanos, que têm dinheiro e poder, mas aos quais falta um passado consistente. A história é narrada por Eulálio, uma osga que habita a casa de Félix, e que busca na sua passada vida humana (viveu quase um século na “pele de homem sem se sentir inteiramente humano”) indícios de outra encarnação, de modo a compreender as suas emoções e reconhecer os vestígios literários e a sua aguçada percepção. O vendedor de passados mais tarde se apaixona por Ângela Lúcia, fotógrafa “de nuvens” cuja vida se entrelaça à de outras personagens da narrativa, José Buchmann, um fotógrafo de guerra, que procura um novo passado junto a Félix, e o mendigo Edmundo Barata dos Reis, comunista assumido, “ex-agente e ex-gente” nas palavras do próprio. Esta obra mostra um pouco da cultura angolana e representa uma crítica à sua sociedade. A trama toda é muito interessante e o final, inesperado e surpreendente!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cupuaçu no Continente!

Sabem quando encontramos um conhecido que não vemos há muito tempo (mas com quem também não temos muitos assuntos) e, no início da conversa, após o tradicional: “— Tu por aqui? Há quanto tempo! Tudo bem?” — surge a pergunta: “— Então, e novidades?”. E lembram qual é a resposta que, invariavelmente, recebemos (desde a propaganda do supermercado Continente)? “— Novidades? Só no Continente…”
Oiço isso há muito tempo cá em Portugal, e bem que procuro por novidades lá no tal Continente quando vou às compras… mas o que encontro é sempre o mesmo (as mesmas marcas, os mesmos preços, os mesmos pseudo-descontos… enfim!).
Por isso, enorme foi a minha surpresa quando, num desses dias, comprovei o que dizem. Não é que encontrei uma grande novidade lá no Continente? Acreditem, porque é verdade! Encontrei polpa de cupuaçu, gente! Não, não estou a inventar. Já havia visto polpa de muitas frutas naquele supermercado: manga, acerola, entre outras, mas cupuaçu... nunca!
E lá estava ela, a pedir que eu a levasse para a casa, preparasse um delicioso creme e um sumo para acompanhar, e saboreasse tudo como quem come um doce pela primeira vez… Hummm! Que delícia!
O cupuaçu é daquelas (muitas) coisas que carregam o sabor da Amazónia. A gente põe uma colher de creme na boca, fecha os olhos e viaja… Eu viajei! Deu para andar na sombra das mangueiras (sob um “ameno” sol de 40°), visitar o Museu Emílio Goeldi, caminhar pela confusão do Ver-o-Peso, passear pela Praça da República, ler um livro tranquilamente no Parque da Residência, dar um saltinho a Mosqueiro, vaguear pela orla de Icoaraci, sentar para ver o rio Guamá da Estação das Docas… Enfim!
A sensação é a mesma descrita na música "Não peguei o Ita", de Nilson Chaves: “Mas ponho na boca um gosto de cupuaçu, meu hálito cruza o país de Norte a Sul… e sinto o prazer de saber que eu sou e o que sou para o mundo”
Xiii! Que nostalgia! Mas é bom…

domingo, 4 de janeiro de 2009

Perguntas sem Respostas

Bem... isso dos anos da Lídia fez-me pensar um bocadinho (mas só um bocadinho, para não acostumar).
Como estarei eu aos 40? O que mudará? Sim, porque não tarda nada (16 de Janeiro) terei 38... Daí para os 40 será um pulo (ou 730 dias, o que dá ao mesmo).
Lembro-me que aos 10/12 anos ficava a imaginar como seria a minha vida quando tivesse 30...
Tudo parecia tão distante, tão remoto, tão inalcançável... e de repente, bum! Vinte anos, 25, 29 e... 30! Não foi mau, pelo contrário. Aprendi bastante, arrisquei o suficiente, descobri sentimentos, conheci lugares, encontrei pessoas, realizei coisas, apurei gostos e paladares, mudei muito...
Aos 29 anos um episódio mostrou-me uma parte dessas mudanças...
Fui convidada, juntamente com outros professores (a maioria já passada dos 40, e apenas uma da mesma idade que eu), para a festa de aniversário (18 anos) de uma aluna de quem todos gostávamos muito. Estávamos em Maputo, e o local escolhido pela menina foi uma casa nocturna de público maioritariamente jovem.
No início, tudo bem, a música não incomodou muito, eu estava a curtir a festa. No entanto, o ritmo (sempre o mesmo) começou, a pouco e pouco, encher os ouvidos (e a paciência). Devo aqui ressaltar que aquele tipo de música não me incomodava antes. Passados trinta minutos de lá estarmos, eu não via a hora da moça soprar as velinhas, de modo a que pudéssemos ir embora. Comentei isso com a Patrícia (a tal “jovem” da mesma idade que eu) e ela disse que estava a sentir o mesmo. Rimo-nos bastente da situação, e dissemos, quase que a sussurrar: "acho que estamos a ficar velhas..."
Confesso que aquela constatação não me incomodou em nada... A sensação era de alívio. Dei-me conta de que estava a apurar mais um gosto...
A aniversariante finalmente fez-nos o favor de cortar o bolo e, ao fim de quinze minutos, estávamos a dançar todos muito animados no “Sixties”, um point da malta madura da cidade.
Mas voltando aos meus futuros (e "longínquos") 40 anos... Como serão? O que vai mudar? O que irei aperfeiçoar desta vez? Deixo as perguntas, porque, definitivamente, não tenho as respostas...

sábado, 3 de janeiro de 2009

40 Anos

A minha amiguinha fez ontem 40 anos de existência! Pois é... ela chegou lá primeiro que eu... E chegou em forma... que forma! Também, verdade seja dita: ela sempre foi pequenininha, não havia muito por onde aumentar, não é? (Mulheres... Mesmo quando elogiam outra, dão um jeito de envenenar um bocadinho!).
Agora a sério, sempre brinquei com o tamanho dela e, todas as vezes que eu lhe dizia que os pais quando a fizeram estavam a testar o protótipo para depois executar a obra verdadeira (o irmão), ela respondia:
– Nada disso! Não sou pequena, sou concentradinha nas devidas proporções!
Ela é que está certa! Alegre, bem disposta, às vezes birrenta, mas sempre de bem com a vida! Felicidades, Lídia!