quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

35 Rhums

Acabo de chegar de mais uma sessão do Cine Clube de Viseu. Em cartaz estava uma produção francesa, uma história sobre pessoas, sobre vidas simples, sobre o amor, o medo do futuro e da ausência do outro, sobre o sentimento de dependência e, principalmente, sobre a angústia da mudança nas diferentes fases normativas da vida.
O filme baseia-se na relação entre um pai e uma filha. Ele é Lionel, um maquinista honesto, mas tristonho, que depois da morte prematura da mulher dedicou a vida a cuidar da filha, Josephine, uma estudante universitária.
A relação que os une é assente no respeito e na cumplicidade e, apesar de parecer que não precisam de ninguém, partilham o seu pequeno mundo com dois vizinhos (uma ex-namorada apaixonada por Lionel, e um rapaz órfão e solitário apaixonado por Josephine), que moram no mesmo prédio nos subúrbios de Paris, e acabam por viver como uma família.
As cenas são centradas no quotidiano. A melhor, na minha opinião, é efectuada sem diálogos, apenas com música. Retrata uma noite chuvosa quando os protagonistas vão a um concerto, o carro avaria antes de chegarem, e eles entram num café, onde são bem acolhidos pela proprietária e passam bons momentos a dançar e a interagir sem palavras.
No entanto, senti que apesar da intensidade do que se queria transmitir e das interpretações especialmente boas (sem qualquer dúvida), o filme deixa um tanto a desejar, não suscitando grande emoção nem quando Lionel encontra o colega dos caminhos-de-ferro que se tinha acabado de suicidar.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Jazz no Teatro

O Foyer do Teatro Viriato de Viseu recebeu na quarta-feira, dia 13 de Janeiro, o Trio Luís Figueiredo. O líder do colectivo, pianista que se tem dedicado ao jazz, fez-se acompanhar de dois experientes e notáveis músicos portugueses: Nélson Cascais (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria). Juntos, deram um espectáculo deveras agradável e fácil de ouvir. Amei!

Welcome

As sessões do Cine Clube de Viseu continuam a acontecer todas as terças-feiras no auditório do IPJ.
No passado dia 12, fui lá conferir uma delas.
Confesso que fui porque a sessão era uma parceria com a REAPN e porque o Zé Machado me convidou, mas fiquei 100% satisfeita.
O filme? Welcome, um filme francês (de Philippe Lioret) de 2009, premiado na Europa e que retrata a questão da imigração de uma maneira bastante tocante e real.
É a história de Bilal, 17 anos, que deixou o Iraque depois de a sua namorada ter emigrado para o Reino Unido. Vive uma viagem aventureira a pé pela Europa só para a voltar a ver. No Norte de França, a caminhada chega abruptamente ao fim, porque ele é descoberto a tentar viajar clandestinamente para a Inglaterra dentro de um camião. Bilal e Mina estão separados pelo Canal da Mancha – o mais movimentado do mundo. O jovem então conhece um nadador que, actualmente, é professor de natação (Simon) na piscina local, onde ele passa a treinar com o objectivo de passar o Canal. Simon queria impressionar a ex-mulher, mostrando que tem valores e que se preocupa com os outros, mas acaba por se envolver realmente com o rapaz e ajuda-o até onde pode.
Um filme intenso, profundo, real (mais do que muitos pensam). Trata de justiça, de direitos humanos, de humanidade. Vale mesmo a pena!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Touradas de guarda-chuva, estacionamento distorcido e outras questões sérias

Há uma coisa que me incomoda há muito tempo, mas neste novo ano resolvi falar dela. Não sei o que se passa com as pessoas, mas quanto mais se fala em cidadania, em respeito pelo próximo, em civilidade, menos eu vejo isso. O ser humano está a perder valores importantes, sem os quais, certamente, caminharemos para uma grande desordem.
Ora vejamos exemplos simples como cuspir para o chão, deitar papel fora do caixote de lixo, permitir que a sujeira feita pelo animal de estimação fique exposta na calçada para alguém pisar, parar em segunda fila atrapalhando o trânsito, entre outros, fazem com que a sociedade demonstre que cada vez menos se está a preocupar com o próximo.
Mas hoje quero falar concretamente de duas situações que me incomodaram e incomodam bastante nos últimos tempos:
Estamos em pleno inverno e o guarda-chuva é peça essencial da indumentária de quem anda a pé, mas o problema é que as pessoas não sabem andar com o guarda-chuva aberto. As ruas de Viseu são estreitas, as calçadas são pequenas e, normalmente, quando vejo um guarda-chuva a vir na minha direcção, desvio-me para o lado, levanto o meu próprio guarda-chuva (se a pessoa for mais baixa que eu) ou inclino o instrumento para o lado menos ocupado da calçada (se se trata de alguém mais alto), enfim... faço a minha parte. E o que eu encontro? Não sei, mas o cenário que isso me faz lembrar são touros enfurecidos. As pessoas abaixam os seus guarda-chuvas, como que a proteger o rosto e enfrentam a multidão de outros guarda-chuvas como se de uma guerra se tratasse, batem, empurram e não pedem desculpas... enfim, não há o mínimo respeito e cuidado!
E os estacionamentos? Na frente do meu prédio, os carros estacionam em espinha, e mesmo assim, os lugares escasseiam. Até aí tudo bem, não fosse um vizinho (ainda não descobri quem é) que invariavelmente para o seu carro em espinha invertida, ocupando dois, e às vezes três lugares de estacionamento. E muitas vezes deixa lá o carro dias inteiros. O que lhe passará pela cabeça? Onde ele acha que está para tornar-se "dono" da rua desta maneira? Onde andará o civismo, o respeito pelo próximo?
Já experimentaram ir a um centro comercial às vésperas do Natal? Eu já, e não recomendo isso a ninguém. São carros a mais, pessoas a mais, consumo a mais (isso merece outro post)... Mas estacionar no centro comercial nessas alturas é mesmo uma questão complicada, especialmente quando um carro ocupa o lugar de dois e pessoas não-deficientes ocupam o lugar reservado aos deficientes. E cá voltamos outra vez a interrogar-nos sobre onde andará o civismo deste povo?
Quem tiver a resposta, por favor, manifeste-se!