domingo, 27 de fevereiro de 2011

Metade ou Inteiro?

“Porque metade de mim é amor
E a outra metade também”
(Oswaldo Montenegro)

Tenho uma amiga que se refere ao companheiro como o seu “mais-que-tudo”. Parece-me uma bonita forma de ver a pessoa que se escolhe para estar e, (quem sabe?) permanecer ao lado (para sempre ou infinitamente enquanto dure). A expressão “o meu mais-que-tudo” simboliza, a meu ver, aceitação, respeito, amor… Significa que o outro é alguém com características próprias, com qualidades e defeitos (como é óbvio, já que todos os temos), com quem se tem afinidades, por quem se sente um grande amor (e uma grande paixão), a quem compreendemos e que nos compreende melhor que os outros (ou pelo menos que faça um enorme esforço para isso).
Mas nem toda a gente pensa assim. Há os que falam em almas gémeas ou caras-metades. Tenho dificuldade em perceber isso da “nossa metade”. O que é isso, exactamente? Quando se fala em encontrar metade de nós, fala-se em encontrar algo que nos completa, algo que não temos e que devemos procurar noutra pessoa? Não me parece correcto, não me parece justo (nem connosco, nem com o outro). Arnaldo Jabor já dizia: “Não acredito em pessoas que se completam. Acredito em pessoas que se somam”. O que não temos, o que não sabemos, penso que devemos procurar adquirir, aprender e desenvolver em nós mesmos. Sobretudo porque cada ser é único e irrepetível, não adianta “pegar” na metade dos outros para juntar à nossa metade, porque não vai encaixar.
Se precisamos de encontrar metade de nós (e muitos passam a vida nessa procura), provavelmente é porque nos achamos incompletos. Talvez seja por isso que muitas relações não funcionem. Se a pessoa não se sente inteira, como poderá dar-se por inteiro? E sem nos darmos por inteiro, sem nos entregarmos a sério, como poderá resultar? É importante estar-se inteiro. Inteiro na relação, inteiro no sentimento, inteiro no compromisso. Só assim o encontro com o outro ser poderá funcionar! Digo eu…

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