quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Eleições como devem ser!


Tirei o meu título de eleitor antes mesmo de fazer 18 anos. Lembro-me que estava ansiosíssima para exercer o meu “direito de voto” na altura… só depois percebi que, a partir dos 18 anos, votar no Brasil era uma obrigação. Ora, quando somos obrigados a fazer algo, a coisa muda de figura e deixa de ser exercício de direito para ser coerção.
Em que pesem as “desculpas” que se foram arranjando ao longo de todos processos eleitorais brasileiros (se não for obrigado, o povo não comparece às urnas; o povo é preguiçoso, se não for obrigado, não sai de casa para votar; o povo não é politizado, tem que ser levado a exercer o seu direito), o certo é que a obrigatoriedade do voto fere a essência da democracia, fornece alicerce a formas arcaicas de dominação política (os currais eleitorais), e baixa a qualidade da escolha.
Para os brasileiros que vivem no estrangeiro, então, a situação toma contornos absurdos. Nas últimas eleições, tive que ir duas vezes num mês ao Porto (com todas as despesas que isso acarreta), somente para carregar num botão, e exercer o meu “direito obrigatório”.
O ex-presidente da República e agora senador Itamar Franco, pelos vistos propôs o fim do voto obrigatório na comissão da reforma política.
“Em relação ao voto obrigatório, o senador acredita que ele "deixa de ser consciente" a partir do momento em que uma viagem passa a ser mais importante do que o direito de exercer a escolha dos governantes. "A eleição vai para o segundo turno, mas aí o sujeito já marcou as férias, o feriado com a família. Aí o voto obrigatório deixa de ser consciente", alega. Nas eleições de 2010, mais de 29 milhões de brasileiros (21,5% do eleitorado) não votaram no segundo turno, dia 31 de Outubro, no meio do feriado de Finados”. (O Documento, Cuiabá/Várzea Grande, 18/02/2011).
E fez-se luz! Tomara que passe!

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