terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Mia Couto

Tal como prometido no post anterior, hoje vou falar do Mia.
António Emílio Leite Couto, um dos escritores moçambicanos mais conhecidos no estrangeiro, nasceu na Beira, em 1955. Ganhou o nome Mia do irmão mais novo, que não conseguia dizer Emílio. “Reza a lenda” que o escritor adoptou esta alcunha também devido a sua paixão pelos gatos desde pequeno, tendo inclusive dito à sua família que gostaria de ser um deles (verdade ou não, quem gosta de gatos, tem a minha admiração!).
Segundo a sua biografia, Mia teria dito certa vez que não tinha uma “terra-mãe”, mas sim uma “água-mãe”. Referia-se à tendência para a sua terra natal, situada à beira do Oceano Índico, ficar inundada durante a época das chuvas.
Mia Couto iniciou o curso de Medicina ao mesmo tempo que começava a fazer jornalismo, tendo abandonado aquele curso para se dedicar à profissão. Foi director da Agência de Informação de Moçambique e, mais tarde, tirou o curso de Biologia.
Vencedor de vários prémios, tem a sua obra traduzida em alemão, espanhol, francês, inglês, italiano, neerlandês, norueguês e sueco.
Pessoalmente, a sua simpatia, humildade e simplicidade não deixam as pessoas indiferentes.
No dia 7 de Março de 2005, fez uma oração de sapiência, na abertura do ano lectivo do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique. Do texto, destaca-se a mensagem “Os Sete Sapatos Sujos”, que transcrevo pela beleza da lição:
“Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos. À porta da modernidade precisamos de nos descalçar. Eu contei ‘Sete Sapatos Sujos’ que necessitamos de deixar na soleira da porta dos tempos novos. Haverá muitos. Mas eu tinha que escolher, e sete é um número mágico:
Primeiro – A ideia de que os culpados são sempre os outros e nós somos sempre vítimas;
Segundo – A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho;
Terceiro – O preconceito de que quem critica é um inimigo;
Quarto – A ideia de que mudar as palavras muda a realidade;
Quinto – A vergonha de ser pobre e o culto das aparências;
Sexto – A passividade perante a injustiça;
Sétimo – A ideia de que, para sermos modernos, temos que imitar os outros.”

2 comentários:

  1. Olá Etã, foi um enorme prazer vir aqui hoje, e por sua vez me deparar com a qualidade do post e descobrir um autor que até então desconhecia.

    Por sua vez em pleno século XXI, nosso mundo ainda está permeado de preconceitos, mas o que posso ter certeza é que preconceito e inteligencia são inversamente proporcionais. Um belo post.

    abraço das letras
    Marcos Miorinni

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  2. Bem, devo dizer que isto de ficar um tempinho sem vir ver o teu blog é mt mau, pq rapidamente 'enche-se' de entradas!
    A partir de agora acompanharei com mais assiduidade e aí terei mais facilidade para fazer comentários, pq hj só para ler tudo o que havia de novo (...) pelo menos uma horita levei.
    De qualquer modo quero dizer que fico contente de ler aqui coisas que nunca cheguei a ouvir da tua boca. Não sei se por não gostares de debater estes assuntos ou se é por estares a mudar, de qualquer forma fiquei mesmo contente.

    Beijos
    Rodrigo

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Olá, amigo ou amiga do Etã Sobal Olhares! Deixe aqui a sua opinião... terei imenso prazer em ler e publicar! Obrigada.