sábado, 10 de janeiro de 2009

As minhas leituras em 2008

As pessoas fazem balanços (do ano, da empresa, da vida, enfim) no final de cada ano... Eu, como boa rebelde que sou, faço-os quando me apetece.
Hoje, fazendo um balanço do que fiz em 2008, portanto, resolvi lembrar da “lista” de livros que li, e... grande vergonha! Afinal, apesar de ter comprado alguns títulos e de me terem presenteado com outros tantos, li apenas 3 livros durante todo o ano! Eu não devia confessar isso aqui, diante de toda a minha grande "legião de fãs", mas é verdade. Nem parece coisa minha... mas enfim... é uma realidade que tenho que aceitar e – se tiver disposição – mudar em 2009.
Falo em disposição porque não acredito na desculpa da falta de tempo. Sempre citei (e assumi como parte da minha filosofia de vida) a frase: “falta de tempo é a desculpa dos que perdem tempo por falta de método”. Acho, por isso, que tudo o que fazemos depende da nossa motivação, da nossa vontade, da nossa disposição.
Não faço promessas (de qualquer natureza), mas espero que em 2009 eu possa ter muita motivação, vontade e disposição para a leitura, mas por enquanto, permitam-me partilhar as minhas 3 leituras de 2008 convosco.
O primeiro livro (Orgias) foi escrito pelo meu querido Luís Fernando Veríssimo. Sou fã, mas não sou cega e, apesar de tudo o que já li (e gostei) dele, não considero Orgias uma obra-prima. De qualquer forma, com o seu toque pessoal bem distinto, ele continua a construir as crónicas com a inteligência e o sarcasmo que sempre o caracterizaram. Com bom humor, Veríssimo passeia pelas tentações e prazeres humanos e afirma que perder o controlo é necessário e saudável. Os seus temas “orgiásticos” vão desde as festinhas de anos infantis, passam pelas festas de final de ano nos escritórios e terminam nas grandes loucuras de carnaval. Deu para passar o tempo.
O segundo livro (Venenos de Deus, Remédios do Diabo), do meu não menos querido Mia Couto, eu amei! Nesta obra, um médico português de nome Sidónio Rosa decide fazer trabalho cooperativo em Moçambique para tentar encontrar a sua querida Deolinda, uma mulata que conheceu num congresso em Lisboa, e por quem se apaixonou. Chega a Vila Cacimba, e encontra os pais da moça – Bartolomeu Sozinho e Dona Munda – que justificam a ausência da filha com um suposto estágio. No decorrer da história, o médico é surpreendido por histórias antagónicas sobre o que terá acontecido a Deolinda e sobre o passado da família Sozinho. Mia sabe contar uma história, e vai doseando a informação, de modo a que personagem e leitor venham a conhecer os factos ao mesmo tempo. A linguagem apresentada é típica em todas as suas obras, com palavras alteradas e provérbios de pura filosofia popular (alguns felizes, outros nem por isso, mas nada que tire o encantamento da narrativa). É, sem dúvida, um livro que envolve.
O terceiro livro (O Vendedor de Passados), do para mim até então desconhecido José Eduardo Agualusa, conta a história de Félix Ventura, um negro albino especialista em reescrever a biografia de personagens da emergente sociedade urbana de Angola, tornando interessante a vida dos novos ricos angolanos, que têm dinheiro e poder, mas aos quais falta um passado consistente. A história é narrada por Eulálio, uma osga que habita a casa de Félix, e que busca na sua passada vida humana (viveu quase um século na “pele de homem sem se sentir inteiramente humano”) indícios de outra encarnação, de modo a compreender as suas emoções e reconhecer os vestígios literários e a sua aguçada percepção. O vendedor de passados mais tarde se apaixona por Ângela Lúcia, fotógrafa “de nuvens” cuja vida se entrelaça à de outras personagens da narrativa, José Buchmann, um fotógrafo de guerra, que procura um novo passado junto a Félix, e o mendigo Edmundo Barata dos Reis, comunista assumido, “ex-agente e ex-gente” nas palavras do próprio. Esta obra mostra um pouco da cultura angolana e representa uma crítica à sua sociedade. A trama toda é muito interessante e o final, inesperado e surpreendente!

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